Fer Canelas oscila entre o onírico, o realismo fantástico e a ficção científica nessa obra que constrói em espiral, como a torre da biblioteca do pai que se ergueu na infância da autora.
Cria um caleidoscópio de memórias afetivas de vivências de leituras, escritas, escritores. Alude ao ardente amor à literatura, insaciável pulsão da criação e preservação de mundos.
Faz uma narrativa sobre a história do pai e da família entretecida por leituras do passado e seu romance familiar. Namoros, paixões, relações, os ruídos entre o pai e a mãe, tudo se mescla ali. E tudo pede escrita.
Da tecedura de memórias vem o que chama de “desbiografia”: uma autoficção aquosa, em curso do rio (também o de Janeiro) onde o eu é um outro. Na fluidez do inconsciente ela busca a mãe com pulsão uterina de Ofélia e o pai com obsessão de Hamlet.
Estar ou não estar entre tantos livros, tanto.sonho. Assim discorre Fer Canelas sobre os desafios de tornar-se escritor na contemporaneidade.
Fer Canelas é poeta, escritora e tradutora. É autora dos seguintes livros: MAR DE MORROS, BOVARY NÃO MORA MAIS AQUI, DDPOIS SE VÃO TB OS DDOS, CABEÇAS DE CAMILLE, OFELIA (traduções do poeta expressionista Georg Heym), e, recentemente, do romance TORNAR-SE MUITOS, pela Editora Penalux.
É uma das realizadoras da "Mostra de Poesia Cinética Experimental", com pré-estréia na Cinemateca do Mam e exibição durante a Flip 2023, e coprodutora da videopoesia com os versos de sua autoria "Ovos quebrando", do acervo de Mostras da Cinemateca do MAM.
É editora passional do Instagram Literário @uterinaspoesia e pertence ao Coletivo Feminista @entrelinhasfem.